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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

SERIA TUDO UM SONHO? 5° LUGAR - CATEGORIA CONTOS

Maria do Rosário Pontes Figueiredo

    Estava sentada em um ônibus, indo para um lugar comum em um dia comum, para fazer algo que não tinha nada de especial.
    Não se lembra ao certo em que momento começou a pensar de uma maneira diferente, mas parecia mágica, pois assim que passou pelo "paredão" construído pela Usina, logo abaixo do "Zebrão", foi teletransportada no tempo.
    A sensação era muito estranha, pois tinha aparência atual, mas sabia que estava em uma outra década.
    Bastava olhar para todos os lados que percebia inúmeras coisas diferentes acontecendo por ali.
    Um cartaz chamou a sua atenção porque anunciava um "Festival de Música" no Grêmio Esportivo.
    Os carros também eram muito diferentes. Dava a impressão de estar em uma cidade muito pobre, pois o que mais se via pelas ruas era Fusca, Chevette, opala e até mesmo um Maverick, além de um Alfa Romeu que passou muito suntuoso, contornando a Praça do Cinema.
    É mesmo! O cinema estava ali, intacto! E os cartazes anunciavam filmes como "O Conde de Monte Cristo".
    Cada vez, ela ficava mais confusa, pois sabia que tinha saído de casa para trabalhar, numa terça-feira qualquer de agosto do ano de 2010.
    Passeou pela praça do cinema e viu um cartaz colado na porta do Ideal Clube, que anunciava um Baile do Havaí para o começo de setembro, e aí sim, levou um verdadeiro choque: Baile do Havaí "Data: 06 de setembro de 1979" "Horário: 22 horas..."
    Aquilo não podia estar acontecendo!
    Como poderia ter voltado no tempo daquele jeito?!
    Pensou em como iria para casa, aliás, uma boa pergunta. Onde seria a sua casa?
    Recordou que naquele ano deveria morar no Bairro Santa Bárbara e estaria estudando no Instituto Castro Alves.
    Ela pensou: "Acho que estou enlouquecendo! Como eu posso imaginar que vou encontrar a minha casa de mais de 30 anos atrás?"
    Era interessante porque bastava pensar em uma determinada coisa, que ela era teletransportada novamente, mas sempre naquele ano de 1979. Ou será que eram vários anos diferentes?
    De repente, ela se viu entrando em sua casa, e só então percebeu que ninguém conseguia mais vê-la realmente.
    As coisas estavam exatamente como eram naquela época e o mais surpreendente: ela estava ali também, diante dos seus próprios olhos, com aproximadamente 13 anos de idade. Aquilo era fabuloso!
    Meu Deus! Ela estava com aquele uniforme tão diferente do Instituto Castro Alves, em que a calça era cor de vinho.
    O coração ficou acelerado! Pensou: "será que vou rever meus amigos e os meus professores da escola também?"
    Mais uma vez, foi apenas pensar, para aparecer sentada na sua carteira, numa sala de aula de ciências.
    Ela não sabe ao certo quanto tempo passou porque era tudo tão interessante naquele lugar, mas quando deu por si, já estava se "vendo" conversando com alguns amigos no portão do Grêmio. Estavam esperando para assistirem a um show de "Marco Antônio Araújo e banda. Este show era orquestrado e foi muito especial.
    As coisas foram acontecendo simultanea-mente e, as vezes ficava difícil de entender se tudo não passava de um sonho.
    Era estranho observar os locais e imaginá-los tão diferentes.
    De repente, ao passar pelo final do bairro Santa Bárbara, lá estava a "Fazenda dos Bicalho", como ela era conhecida na época.
    Ela não acreditava, pois estava indo para o curso de "Corte e Costura" na antiga casa ao lado da fazenda. Aquela imagem era bem real, tanto que a "Dona Vera" já estava esperando na porta.
    Tudo estava intocável, como os bois no curral, alguns cavalos e muitas galinhas correndo no quintal.
    Ela não entendia como podia ir e vir, sem ao menos perceber.
    Alguém gritou o seu nome do outro lado da rua e ela se surpreendeu. Será que estão me vendo agora? Mas rapidamente percebeu que estavam conversando com ela mesma na sua frente. Ficou observando, pois era muito estranho ouvir a sua voz de 13 anos de idade. O amigo estava perguntando o que iria fazer naquele final de semana e ela simplesmente respondeu que ficaria em casa, porque no dia seguinte era o desfile de 7 de Setembro e que a escola dela iria participar desse desfile.
    Como tudo era tão surpreendentemente rápido, ela se viu na avenida vestindo uma roupa camponesa. Segurando um cesto de flores.
    Era tudo tão lindo! As fanfarras então eram maravilhosas. Todas as escolas estavam participando e havia centenas de pessoas aglomeradas na avenida para assistir ao desfile.
    O som das fanfarras ficou na cabeça dela por muito tempo. Tanto que nem percebeu que havia saído de lá.
    De repente, escutou um barulho enorme de carros e percebeu que estava esperando o sinal abrir para atravessar a Avenida Wilson Alvarenga, em frente ao "Centro Educacional". Foi quando percebeu a nova arquitetura da escola e só assim compreendeu que estava de volta ao ano de 2010.
    Será que foi um sonho?
    Ela colocou a mão no bolso para pegar um dinheiro porque estava comprando um picolé e, para sua surpresa, havia um pequeno papel de propaganda do show de "Marco Antônio Araújo e banda" e isso sim, ela pode dizer que não foi um sonho.
    Como foi possível?
    Ela nunca saberá!...

Um comentário:

  1. Simplesmente magnífico...voce realmente é uma pessoa genial!!!!!!!!parabéns,Zarinha...!!!!!!!!!! eu , José Antonio...

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