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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Crônica classificada em 3º Lugar no II Concurso Literário
"Prêmio Valores da Nossa Gente"

Pagamento na floresta
Maria do Rosário Pontes Figueiredo

         Estava muito escuro e havia um barulho estridente de cigarras cantando por todos os lados e eu não conseguia entender o que estava se passando naquele momento.
           Ao meu redor, uma verdadeira floresta e, no entanto, eu estava dentro de um caixa de banco, com todos os componentes para fazer um atendimento.
          A fila estava quilométrica, chegando a me deixar apavorada, e mesmo que eu não parasse de atender às pessoas, a fila não diminuía nunca.
          De repente ouvi um rugido, parecido como o de uma onça, e quase morri de susto, pois havia um leão a poucos metros de distância.
           Às vezes, tudo parecia normal e eu podia identificar a agência bancária, que ficava no “Zebrão”, onde eu trabalhava naquela época, em meados dos anos “90”.
           Nessa época, ainda não havia muita informatização, e não contávamos com a ajuda de computadores, sendo usadas antigas máquinas de somar e de autenticar.
            O movimento bancário era enorme porque na “C.S.B.M.” antiga Belgo e atual “Arcelor-Mittal”, havia muito mais funcionários e o pagamento deles era feito em dois dias, divididos pelos números das suas chapas.
            Mesmo quando tudo estava tranqüilo, e os pagamentos aconteciam normalmente, o cenário mudava um pouco e aparecia algo que não era normal para aquele ambiente.
             Um novo rugido se fez e dessa vez foi muito mais assustador.
        Todo mundo começou a correr e, mesmo no sufoco, consegui identificar alguns clientes, e o mais engraçado era que, de alguns deles eu me lembrava até do número da conta corrente.
             Uma enorme labareda apareceu bem na minha frente e percebi que a floresta inteira estava fumegante. 
            Animais corriam apavorados e pessoas também, mas mesmo assim os clientes que estavam chegando ao caixa, reclamavam que não tinham recebido e que era para eu passar o dinheiro pra eles assim mesmo, porque ainda dava tempo de correr.
           De repente houve uma explosão e tudo voou pelos ares, inclusive todo o dinheiro que estava naquele caixa.
             Escutei um barulho, parecido com uma sirene, e sai correndo.
             Foi aí que eu percebi que o meu despertador estava tocando e que estava amanhecendo.
            Só então me dei conta de que era mais um dia “11” em minha vida e que estava na hora de acordar para ir trabalhar no “Banco Real”, em mais um dia de pagamento da C.S.B.M.
            É lógico que essa agência bancária ficava no vestiário da companhia, mais conhecido como “Zebrão” e não em uma floresta em chamas.
            Este dia terminou sendo muito divertido, porque enquanto eu atendia os clientes do banco, lembrava-me do “sonho” que tive à noite e ria sozinha, causando curiosidade em algumas pessoas.
          Uma amiga comentou que estava exausta e que parecia estar em uma selva, sendo perseguida por animais, porque as suas pernas estavam doendo de tanto ficar em pé.
Aí sim eu comecei a rir sem parar e alguns funcionários, vestidos com os seus uniformes, olhavam para mim e, no mínimo pensavam: Essa menina deve ser maluca.
Maluco foi eu ter que trabalhar duro no sonho e logo que amanheceu, ter que vir trabalhar de novo!



 


           


3 comentários:

  1. Então Zarinha, achei ótima e bastante interessante essa crônica...me fez voltar lá no "ZEBRÃO"...parabéns... José Antonio

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    1. Só agora vi esse seu comentário aqui José Antônio, kkkkkkkk

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    2. Só agora vi esse seu comentário aqui José Antônio, kkkkkkkk

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