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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Poesia classificada em 2º Lugar no II Concurso Literário 

"Prêmio Valores da Nossa Gente".


Todas as noites
Jacqueline Silvério Fernandes

Todas as noites, adorno-me de teus braços.
E enquanto tuas mãos passeiam por minha alma,
Fecho os olhos de minhas antigas lembranças
E permito-me o tecer em tempo de tua doçura em mim.
Quero que me despertes os versos perdidos
E que a tua suavidade atinja a Luz do meu destino
E eu possa, enfim, exalar o perfume desse canto
Ainda em mim acortinado de invernos assombros.
Todas as noites, quero florescer em tua boca.
Não para roubar-te o sangue, o fogo, as asas em vôo,
Mas para seduzir-te o coração ainda incerto de mim,
Ainda temente de adeus e de morte.
Sim! Ainda sou esse poeta errante.
Ainda em mim o grito velado, o peito em combates,
A vida recolhida em crepúsculos de melancolia.
Ainda em mim esse solstício de amor, de amar...
Sim! Ainda careço que me sustentes o ar em desassossego.
Que me ampares nas emoções em desatino.
Que me acolhas na solidão do que ainda não aprendi a ser
Para ser de todo a poesia que me chama à vida...
Todas as noites, quero-te em beijo e pão.
Como a prenunciar-me a primavera que não tardará
A acometer-nos de girantes bailados de estrelas
Emergidas do teu cesto silvestre de amor.
Todas as noites quero-te entardecida em mim.
À espera do meu ser poente de grãos e fome.
Porque não há nada que mais desejo em mim
Senão amar-te assim estreitada de sonhos
Adornados em minha alma.

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